segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

CHANEL

         

A MULHER POR TRÁS DO ESTILO


Vamos falar da vida de Gabrielle Chanel, mulher que inovou a moda na década de 20 com seus cortes retos, capas, cardigãs, cabelos curtos, chapéus e, que até hoje, é conceito atemporal no mundo fashion.


Relaxe e ajeite-se na cadeira porque a história é interessante...e longa! Mas, como contar a historia da Chanel em poucas palavras? 



Gabrielle, à direita, e sua irmã.
Num tempo em que ainda não havia qualquer privilégio em ser mulher a não ser um bom casamento entre pessoas do mesmo nível social, nasce Coco Chanel em 1883, numa família numerosa e simples, em um vilarejo no interior da França. Apesar de ter "felicidade" em seu nome - Gabrielle "Bonheur" Chanel - teve uma infância difícil, e poucas perspectivas levando em conta sua origem pobre.
Aos 12 anos perdeu a mãe, uma humilde lavadeira, e foi mandada, com suas irmãs, para um orfanato mantido por religiosas católicas. O pai, um feirante, morreu tuberculoso. No internato Gabrielle passava o dia sob rígida disciplina, lavando e passando roupas. Lá aprendeu a costurar.


Aos 20 anos, apta a trabalhar com agulha e linha, foi encaminhada a Maison Grampayre, um ateliê de costura especializado em enxovais. Decidiu deixar o orfanato e passou a dividir um quarto alugado.



Nas horas vagas, trabalhava no cabaré “Café Beuglant de la Rotonde”, frequentado por oficiais da cavalaria. Cantava a música “Qui qu’a vu Coco?”, daí a origem de seu apelido “Coco”. No livro de Hal Vaughan, ele explica: “nome extraído de uma cançoneta de seu repertório, ou talvez um diminutivo de cocotte, termo francês para uma mulher sustentada por amantes”. 

Sim, amantes! 
Sua ambição sempre foi muito alta e não queria permanecer no interior e nem continuar pobre, então, procurou alguns amantes ricos.

Nesse bar, cercada e muito cortejada por vários jovens oficiais despertou o interesse dos homens financeiramente bem postos para casinhos sem compromisso. Acabou seduzindo um deles, Etienne Balsan um socialite, herdeiro de uma fábrica de tecidos que fazia uniformes do exército. Ele a hospedou em seu castelo e foram amantes por alguns meses, mas se mantiveram amigos por toda a vida. Este relacionamento lhe trouxe algumas vantagens, conforto, novos amigos, e o gosto por cavalgadas.

Chanel e Etienne Balsan 
      




Na capital parisiense, Coco conheceu o grande amor da sua vida. Arthur Capel.




Com Capel
O milionário inglês Arthur Capel, ajudou-a a abrir a sua primeira loja de chapéus, e que se tornaria um sucesso a apareceria nas revistas de moda mais famosas de paris.





Com este relacionamento, Chanel aprendeu a frequentar o meio sofisticado da Cidade Luz. Capel, meses mais tarde, morreu num desastre de carro. 
Com este desgosto, Chanel abriu a primeira casa de costura - Gabrielle Chanel -, comercializando, principalmente, os chapéus. 



Foi uma das primeiras mulheres a usar calças, cortar o cabelo curto e rejeitar o espartilho. Emancipação e liberdade da moda feminina.

Ela nunca admitiu sua infância pobre. Somente após sua morte, fatos vieram à tona para o público em geral. Anos depois Chanel disse: "Desde a infância, tive certeza que haviam tirado tudo de mim, que tinha morrido. Soube disso aos 12 anos. Pode-se morrer mais de uma vez na vida"Mas era inteligente e talentosa, tirou proveito das oportunidades que surgiram em seu caminho, para tomar decisões usando a própria cabeça, exigindo dela coragem, sua "única opção", dizia.




Trajes da Belle Époque - 1890 a 1915 - época de efervescência cultural na França. A moda era linda e luxuosa,  mas para um grupo beeeeeeem seleto: os muito ricos e os privilegiados "bem nascidos". 


Gabrielle “Coco” Chanel lançou roupas muito elegantes, “estilosas”, agradáveis e de qualidade. Criadora radical, trouxe para a costura feminina as linhas retas e o preto e branco – que nunca saiu de moda - , além do conceito de conforto que até o início do século XX era monopólio do traje masculino. Com isso aposentou de vez o espartilho e definiu uma nova silhueta para a mulher moderna. 


 

      


       


      

 

     





A imagem abaixo revela três grandes ícones popularizados por Chanel na moda: as pantalonas, que no início eram usadas apenas como saída de praia; o duo preto e branco (ela adorava contrastes) e o colar de pérolas falsas. 

Com um amigo, em Veneza, 1930
Poderíamos chamá-la de precursora da preocupação com a sustentabilidade. À ela é atribuída a frase: "Sou contra a moda que não dure... não consigo imaginar que se jogue uma roupa fora, só porque é primavera". 


Em 1926, lançou o pretinho básico.


"Uma mulher precisa de apenas duas coisas na vida! Um vestido preto e um homem que a ame".







   

     

 

Ela abalou o século 20 ao libertar as mulheres dos espartilhos, dos vestidos pesados, dos chapéus mirabolantes e do preto, restrito ao luto. O segredodo sucesso de Chanel era simples: apenas criava roupas que gostava de vestir.
Chanel nunca desenhou um único croqui. Trabalhava diretamente no corpo das manequins e de suas mãos saía uma moda prática. “Os ilustradores de moda trabalham com lápis: é uma arte. Os costureiros, com tesoura e alfinetes: é um assunto cotidiano”, ela dizia.   




  







Barbara Streisand, Elza Martinelli e Marlene Dietrich na primeira fila do desfile de Coco Chanel em 1966, todas usando a grife.


Pérolas. Ah! As pérolas...


São eternas, chiques, femininas e combinam com tudo. Nunca saem de moda. São um clássico no guarda-roupa.

Pérolas eram sinônimo de aristocracia e foi Coco Chanel a responsável por tirar a pompa. Ao propor o uso no cotidiano, não apenas em ocasiões formais, mas também no dia a dia, popularizou a bijuteria.
Em 1910, ao abrir a sua primeira butique, solta uma de suas famosas frases: "Uma mulher precisa de voltas e voltas de pérolas". 


Cria os colares de pérolas falsas e as correntes douradas, numa época em que a moda era apenas jóias de ouro.
Com isso, todas as mulheres passaram a ter também o direito de se enfeitarem. "Impossível usar sempre jóias verdadeiras se não houver mulheres que usem jóias falsas". Outra frase irônica.


Criando a sua joalheria


    


Chanel n° 5 - As gotas da controvérsia




Coco Chanel costumava dizer que o mais misterioso e o mais humano dos sentidos é o cheiro. "Pelo cheiro um corpo se comunica com o outro". 
Ela desejava que o perfume fosse "fabricado sob medida como se fabrica um vestido".

Gabrielle e Dimitri 

Chanel se relacionava com o príncipe russo Dimitri Pavlovitch, refugiado em Paris, que a apresentou ao perfumista dos czares da Russia, Ernest Beaux. Das essências desenvolvidas por ele, Mademoiselle se encantou pela de número 5, e foi batizado apenas como Chanel Nº 5. A fragrância foi embalada em um frasco de linhas retas e simples. 



Em 1921, criou seu perfume - apelidado de "monstro das fragrâncias" - e entrou para a história como um ícone cultural. A estratégia de marketing adotada por Coco Chanel na época do lançamento do perfume foi um convite de jantar aos seus amigos mais próximos. Foi durante o encontro que ela surpreendeu os convidados ao esborrifar a fragrância sobre eles. 
Uma mulher movida pelas circunstâncias. E que soube lucrar muito com elas!



Chanel era uma mulher com um olfato excepcional, mas esse cheiro guarda um grande segredo... 


...O cheiro da sua história! As feridas da perda e do abandono, relacionadas com a pureza e o cheiro de limpeza do orfanato católico. No ambiente do cabaré conviveu com cantoras, atrizes e prostitutas que usavam o doce cheiro do jasmim para atrair os homens. Mas também sabia da preferência das mulheres de classe alta por fragrâncias florais, de rosas e de violetas. Passou grande parte de sua vida estudando as combinações. Ela queria encontrar um "cheiro de mulher". Queria um perfume que traduzisse a sensualidade e não a prostituição, mas a independência, a limpeza. 


Dias após a libertação de Paris da ocupação nazista em agosto de 1944, soldados americanos formaram uma imensa fila diante do número 31 da Rua Cambon. Queriam frascos de perfume Chanel N° 5, que carregariam como lembrança da guerra e do luxo europeu a suas mães, namoradas e irmãs!



Como símbolo de poder e feminilidade, seu perfume foi o preferido da mulher mais sedutora do século 20, Marylin Monroe que confessou em uma entrevista em 1954 que dormia completamente nua e com apenas cinco gotas de Chanel Nº 5.


Mas além das vendas, do marketing e do glamour, o cheiro imaginado por Coco Chanel se perpetuou e sobreviveu como o perfume mais valorizado pelas mulheres em quase cem anos de história. 
Chanel Nº 5 sempre foi sinônimo de luxo e feminilidade...


    

Evolução dos frascos

 A 2ª Guerra Mundial a caminho acabou influenciando muito sua vida, e até sua marca. Um novo perfil, “período negro”, segundo Vaughan, dessa grande mulher, foi a espionagem. Em seu livro vem a público seu envolvimento com a alta inteligência nazista durante a ocupação alemã em Paris entre 1941 e 1944. “Ela era, isto sim, uma agente nazista, uma facilitadora que usou sua grande rede de contatos para ajudar os nazistas”. 


Chanel não se tornou estilista apenas para disfarçar outros planos. Era uma profissional da moda de fato, e, valente, sem posição política, apenas comercial. “Era uma personagem extraordinária, uma oportunista consumada, que aproveitou todas as chances de avançar na carreira”. Segundo Vaughan, “...suas relações próximas com o duque de Westminster, com o príncipe de Gales que abdicou do trono, e com o primeiro-ministro Winston Churchill, fizeram dela a agente perfeita para os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.”.

Coco Chanel com Winston Churchill, que, acredita-se, a ajudou a escapar para a Suíça, a partir de Paris.
Lisa Chaney relata em seu livro o caso da estilista com Hans Gunther von Dincklage, seu último relacionamento amoroso, um dos braços direitos do chefe da propaganda nazista, Joseph Goebbels, e que, supostamente, influenciou a estilista a agir como espiã. Sua primeira coleção no pós-guerra não foi bem recebida. Apesar da fama de estilista e de seus contatos, durante anos não era vista com bons olhos nos altos círculos sociais devido ao seu passado, mas sempre lutou. Primeiro com uma pequena loja de chapéus, depois com outra de roupas e mais tarde com seu perfume.


Os franceses conceituaram mal este romance e deixaram de frequentar a sua casa. Nesta década, Chanel teve dificuldades financeiras. Não se sentiu derrotada. Norteou-se por seus próprios pensamentos: "A força se consegue com fracassos e não com os sucessos" e voltou-se para a América. Para manter a casa aberta, Chanel começou a vender suas roupas para o outro lado do Atlântico, passando a residir na Suíça.


Conta-se, também, que ela teria se tornado a espiã F-7214 em troca da libertação de um sobrinho de um campo de concentração.






Verdade ou não!

Se a famosa designer foi uma espiã nazista, o que mais importa pra gente é como Coco revolucionou a moda de sua época e foi uma mulher a frente de seu tempo.


Com Salvador Dali
Greta Garbo

Nesse período, Chanel conheceu muitos artistas famosos.
Com Picasso

Os Estados Unidos estavam na euforia dos vencedores com muito dinheiro e, aspiração no consumo e na aquisição de classe. Ela passou a exportar seus produtos que atendiam plenamente as aspirações das mulheres americanas: luxo e refinamento. E também, porque uma das pessoas mais citadas e fotografadas era uma mulher que já usava Chanel desde o berço: Jackie Kennedy. Foi muita sorte ter Jackie, entre suas clientes, uma pessoa de genuína elegância!





Jackie Kennedy começou a aparecer nas revistas de moda com a sua criação (tailleurs, casacos, sapatos, bolsas...). Além da primeira dama, seus modelos vestiram grandes estrelas como a princesa Grace Kelly, atrizes como Marlene Dietrich, Marilyn Monroe, Ingrid Bergman e Catherine Deneuve.

Com Catherine Deneuve



Em 1954 retornou a Paris e aos seus negócios na alta costura. Quando apresentou a coleção de 1958, as francesas ficaram maravilhadas. 

A revista ELLE escreveu em destaque: "Dez milhões de mulheres votam CHANEL".

"Não existe mulher feia, existe mulher mal vestida"



O logotipo


O tradicional (Double C) foi criado por “Coco Chanel”. Os C’s entrelaçados são as iniciais do seu nome. O logotipo somente foi registrado como marca depois da abertura de suas lojas.


A bolsa de metalasse 2.55

Essa bolsa recebeu esse título em homenagem a sua data de criação: fevereiro de 1955. Chanel inventou a primeira bolsa a tiracolo e deixou as mãos das mulheres livres. 


Qual a mulher que não sonha com um modelo parecido com esse? Acredito que esse desejo se deve ao fato de ela ser um item que se encaixe no dia a dia e a noite, sem perder a sua magnitude.

Os icônicos sapatos bicolores



Lançado em 1957, a idéia de Coco era disponibilizar no mercado  um modelo que combinasse com tudo. As cores escolhidas foram o bege e o preto. Não foi por acaso. O bege, para alongar as pernas, e o preto da ponta para dar a impressão que os pés são menores.





O bico preto também protegia o sapato por mais tempo. 




Sapato Oxford Verão 2015

Inverno 2015-16


O estilo Chanel foi copiado no mundo todo e permanece revitalizado por Karl Lagerfeld, hoje à frente da Maison Chanel, que seguiu a orientação “a moda sai de moda, mas o estilo jamais”. 


Sob o comando de um ou de outro, a grife sempre entendeu o espírito do seu tempo.

        

Em 2009, Lagerfeld criou a maleta da executica atual, com espaço para guardar o iPod, itens da necessaire de beleza e a bolsa 2.55










Ah! Chanel é sempre tão presente que quase nos esquecemos de mencionar que 1971 ela se foi. Será? Bem, ela é um clássico e surpresa! 


Quando a grande estilista morreu, encontraram em sua casa desenhos de roupas, ou seja, ela ainda estava fazendo uma nova coleção.
Faleceu no Hôtel Ritz Paris, onde viveu por 33 anos. Teria dito a uma camareira que estava presente: “Vê? É assim que se morre. Sozinha, mas sempre chique”. O seu funeral foi assistido por centenas de pessoas que levaram as suas roupas em sinal de homenagem. 
Está sepultada na Suiça.


O estilo Coco Chanel significa vestir-se com elegância, especialmente, no cotidiano da mulher do século XXI, cuja agenda lotada exige apresentar-se bem e com conforto!
Chanel continua viva no mundo da moda e mais presente do que nunca.

     

   

                    

                                                   




                                         

              


                    


                        

         


Qual a diferença do Chanel que Penélope Cruz usa atualmente e o tailleur que a elegante de Paris usava?










Você já parou para pensar que o seu famoso tailleur é “chic” até hoje? Usar um tailleur Chanel, vintage ou não, é sinônimo de elegância SEMPRE. 


Esta é a história de Gabrielle Bonheur “Coco” Chanel, que começa a vida como uma órfã teimosa, e, ao longo de uma jornada extraordinária torna-se a lendária estilista de alta-costura que personificou a mulher moderna e se tornou um símbolo atemporal de sucesso, liberdade e estilo.



"A moda não é algo presente apenas nas roupas. A moda está no céu, nas rua, a moda tem a ver com idéias, a forma como vivemos, o que está acontecendo"




Esperamos que tenham gostado!

Nós amamos a Chanel! E, quem não?
Bjo


Temos para nós que ela adoraria brechós, típicos do gosto europeu. Afirmou que adorava curtir seus vestidos antigos...e, quando ainda não era tão famosa, frequentou muitos brechós e até se inspirou em alguns.


Biografias

O Segredo do Chanel Nº 5: A História Privada do Perfume Mais Famoso do Mundo – autor Tilar J. Mazzeo
Dormindo com o Inimigo: A Guerra Secreta de Coco Chanel – autor e jornalista Hal Vaughan
Coco Chanel: Uma Vida Íntima – autora Lisa Chaney
Mademoiselle: Coco Chanel and the Pulse of History - autora e professora Rhonda Garelick





  













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